sábado, 4 de outubro de 2008

Muito Além da Gramática

Olá colegas do Grupo de Estudos de Lingüística!

Vamos agora fazer uma discussão sobre uma proposta sócio-interacionista. Para tanto temos um esquema topicalizado do livro “Muito Além da Gramática” de Irandé Antunes.

“A língua é parte de nós mesmos, de nossa identidade cultural, histórica, social. É por meio dela que nos socializamos, que interagimos, que desenvolvemos nosso sentimento de pertencimento a um grupo, a uma comunidade. (...) Além disso, a língua mexe com valores. Mobiliza crenças. Institui e reforça poderes.” (p.22)

Definições de Gramática:
1- são regras que definem o funcionamento da língua;
2- regras que determinam o funcionamento de uma norma, por exemplo a gramática da norma culta;
3- uma perspectiva de estudo, exemplo: gramática gerativa, gramática estruturalista;
4- uma disciplina escolar;
5- de um livro, exemplo: gramática de Celso Cunha;

Língua e Gramática não são a mesma coisa:
- A língua como um sistema, é composta por um léxico e uma gramática;
- O seu uso compreende uma situação de interação e a composição de textos;
- A gramática é apenas um componente dessa entidade complexa que é a língua;
- O estudo da língua deve compreender a sua totalidade;

Saber gramática não é suficiente para saber falar, ler e escrever com eficiência;
- Além do conhecimento gramatical a iteração verbal requer outros tipos de conhecimento:
- o conhecimento de mundo;
- conhecimento das normas de construção textual;
- o conhecimento das normas sociais de uso da língua;

Dentro da primeira definição de gramática, considera-se como regras gramaticais as orientações que especificam os usos da língua em determinado contexto. As normas que ditam como devem ser constituídas as unidades da língua, nos seus âmbitos fonológico, morfossintático, semântico e pragmático;

Norma Culta e Norma-padrão

Norma Culta
- tradicionalmente, é considerada o falar mais prestigiado socialmente;
- não é usada efetivamente em todas as situações de interação verbal;
- seu uso é próprio das situações formais;
- é mais utilizada na comunicação escrita;

Norma-padrão
- tentativa de garantir uma uniformidade lingüística;
- é determinada pela intenção de facilitar a comunicação pública;
- tende a ser conservadora, mantendo padrões que representam os usos gerais da língua e desprestigiando os usos específicos de uma região;

- O uso de uma língua não deve ser prescrito de acordo com uma norma considerada correta;
- As línguas são fatos sociais utilizadas em contextos diferentes e com funções específicas, portanto como existem diversas situações de comunicação pode haver também padrões de uso da língua diferentes;
- O bom uso da língua é uma questão de adequação;

- Os estudos lingüísticos devem levar em consideração o uso da língua, a realidade dos fatos lingüísticos;

- Os equívocos relacionados à concepção de gramática e ao modo como ela é ensinada nas escolas decorre de uma falta de conhecimento de base científica sobre o que é língua, o seu funcionamento, seus componentes e as implicações sociais e políticas dos seus usos;

- Considera-se a o funcionamento da língua como uma atividade interativa, entre dois ou mais interlocutores, realizada por meio de textos orais ou escritos, em diferentes suportes, com diversas finalidades e de acordo com situações socioculturais e com o contexto;

- De acordo com essas idéias, o papel da escola é capacitar o aluno para o domínio da leitura e da escrita dos mais diversos gêneros textuais. O aluno precisa aprender a usar a linguagem em seus diversos aspectos, entrar em contato com suas variações e não apenas saber as regras gramaticais;

E com relação à importância da linguagem:
“A apreensão de qualquer conhecimento passa necessariamente pela linguagem. Isto é, o que aprendemos tem como acesso e como percurso a linguagem. Privar, portanto, as pessoas de um amplo e consistente conhecimento dessa linguagem é priva-las de chegar a uma porta que abre para inúmeros atalhos... e de onde se pode enxergar um horizonte vastíssimo.” (p. 123)



Essas são algumas idéias estão no livro da Irandé Antunes, esperamos que possam levantar uma boa discussão. Em grupo surgiram as seguintes questões:
- Como aplicar a teoria na prática em sala de aula?
- É necessário o estabelecimento de uma norma-padrão para o uso da língua? Com que finalidade?
- Que teorias são contrárias à proposta sócio-interacionista?
- Qual a importância do estudo da gramática de uma língua?


Meus caros, por hoje é só. Sintam-se à vontade para comentar, criticar, sugerir, questionar e, o mais importante, discutir.

5 Comentários:

Blogger Andrey disse...

A priori, devo dizer que o texto redigido por nossa colega está muito bem escrito e esclarece muito bem as propostas da Irandé (Digo isso exatamente pelo fato de não ter lido!).

Nice job, Denise!!!


Agora, as questões:

1- Acho que seria possível aplicar os ideais da Irandé, assim como das outras bibliografias que já lemos com o o Possenti e o Bagno, entretanto, ainda acredito ser um quanto tanto utópico por conta dos currículos estabelecidos e pelas exigências dos vestibulares.

2- O estabelecimento de uma norma-padrão se faz, na minha opinião, completamente necessário dentro de um ambiente acadêmico assim como qualquer estabelecimento 'sério', visto a imensa extensão territorial do nosso país e a quantidade significativa de variações lingüísticas.

3- Sobre contra-propostas à teoria sócio-interacionista, achei um artigo sobre construtivismo na wikipédia. Recomendo a leitura, porém se trata mais de uma visão didática do que lingüística.

4- O estudo de uma gramática é fundamental para a formação da identidade de uma nação, tal como formação individual (como o pensamento filosófico, o assunto proporciona muita reflexão).

Anyway, acho que na última acabei não me expressando de uma forma devida, mas fica aqui os meus comentários!

Um abraço a todos!

4 de outubro de 2008 às 18:19

 
Blogger Unknown disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

9 de outubro de 2008 às 07:45

 
Blogger Unknown disse...

Eu ainda estou em processo de formulação do meu pensamento qto ao uso da gramática em sala de aula. Mas acredito que o primeiro passo é acabar com o preconceito, que mesmo inconscientemente, nós ainda temos! Sem generalizar é claro! Pois se não mudarmos, nosso discurso nas aulas de gramático deixarão transparecer esse preconceito, e nosso objetivo será desnorteado.

9 de outubro de 2008 às 07:46

 
Blogger Madrine Perussi disse...

Bom a princípio, já havia lido o primeiro assunto do blog. Esta fiacando muito bom. Denise, realmente, você fez um excelente trabalho. Mas agora quero comentar as perguntas e as respostas.
1-Andrey concordo com você na relação de serem utópicas. São de fato são, mas se ninguém fizer nada, ou pelo menos não tentar aplicar, o que tanto lemos e tanto ouvimos, não tem como mudar nada. E então eu acho que dependendo da escola, da importância que eles derem para a gramática, para os professores, a liberdade, a disponibilidade de materias e outras coisas que os professores precisarem, acredito que não custa pelo menos tentar. Assim, poderei dizer, valeu ou não valeu a pena, e agora já sei como as coisas funcionam.
2- É necessário sim estabelecer uma lígua padrão, porque com tantas variações, seria impossível as pessoas compreenderem uams as outras. Mas isso não pode ser confundido.A lígua padarão não pode ser a da população privilegiada, o que também não vale dizer que quem fale essa língua privilegiada seja mais culto. Ou seja, não deve existir o preconceito entre as diferentes formas de sua ralização.
3-Prefiro não comentar a 3. não procurei.
=/
4-Ai eu vou concordar com a Camila. Ta difícil de saber a importância de gramática. Porque se todos já possuem uma gramática, por que ensinar? Mas por que eles exigem tanto que se ensine? Por que tem coisas na gramática que são necessárias aos nossos alunos?? Pra que?? Pqra que finalidade? Pra passar no vestibular, nos concursos? Ou será pra eles utilizarem no dia-a-dia?
Muitas dúvidas ainda.
Por enquanto é isso pessoas.
Desculpa qualquer coisa ai..
bjão.

13 de outubro de 2008 às 18:06

 
Blogger Madrine Perussi disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

13 de outubro de 2008 às 18:07

 

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